sábado, 7 de fevereiro de 2009

Uma rosa com espinhos...parte VIII

Quando chegou ao restaurante, já o ele estava sentado numa mesa à sua espera.
- Atrasei-me muito? -Disse ela sentando-se depressa, não sabia como havia de o cumprimentar,esperando que assim passasse despercebida a duvida.
- Não, também acabei de chegar. Para variar, o trânsito comanda o passo, mas perdoo-te sim. - Esboçou um sorriso. - Acho que vou experimentar desta vez a espetada de lulas, o que dizes?
- Parece-me bem, e vou no mesmo. - Pediram e foram conversando, ela à espera da oportunidade certa para abordar a noite que passaram juntos, sem saber muito bem quando ela seria ou mesmo como seria. Não era fácil para alguém que desistira do amor e se convençera de que ser feliz não era algo que lhe fosse permitido. Ele foi deixando o tempo correr, na esperança que ela se manifestasse sobre o mesmo tema. Sabia que ela ao convidá-lo para almoçar era um passo em frente, já lá iam vários dias onde a distância abundava, até que perguntou:
- O convite para o almoço foi por falta de companhia, ou porque há algo a dizer? Sinto que há alguma coisa que tens para me contar, não sabes é bem como....estou certo? - O silêncio surgiu por breves momentos. - Pedro, há coisas sobre mim que precisas de saber. Não sei bem é por onde começar....
- Enquanto peço o café vais pensando,não fujas sim? - A tensão dela era evidente, mas estava decidida a não perder o momento nem a ele. O telefone dela tocou, era uma chamada da central. Não planeava atender, estava de folga mas ele insistia. - Importas-te que atenda? Não é hábito a Central ligar na minha folga, deve ser importante. - Dizia ela quase zangada com o aparelho infernal a zumbir. - Claro, atende sim, vou pedir a conta enquanto vês o que se passa.
- Estou, Cristina? - Conhecera de imediato a voz, era o Vitor, um colega.
- Desculpa ligar na tua folga, mas tenho aqui um senhor à tua procura. - Senhor? Estranho... Quem é?
- Diz que se chama Paulo Cruz, e não vem num estado muito católico.... Bem tentei explicar que não estavas, mas diz que não arreda pé enquanto não falar contigo, desculpa mas não sei o que fazer. - Q....Q...Quem? Pedro notara na sua cara o espanto, deixando-o intrigado. Ficara branca, pálida de repente, nunca a tinha visto assim. - Tu tens a certeza Vitor? - Não podia acreditar no que ouvia. - Acho melhor dares cá um pulo, está alcoolizado. - Vou para aí, dá-me meia hora.
- O que foi Crstina? Aconteceu alguma coisa? - Ficaste estranha.... - Não sabia o que fazer. Para além da curiosidade, e de pensar que tinha perdido a chance dela falar, estava acima de tudo preocupado, parecia que ela ia ter um ataque cardíaco ali mesmo!
- Espero que não seja quem eu penso.... - Articulou ela com dificuladade, as mãos tremiam, estava desnorteada com o impacto. - Não pode ser! é outra pessoa, de certeza! Só pode, não tem como....
- Tens de ir á Central, certo? Eu levo-te, não me pareçe que estejas em condições de conduzir agora. - Saíram em direcção ao carro dele,e no caminho ela parecia a leste de tudo. Sem lhe perguntar nada,mas com inumeras perguntas a quererem saltar, sabia que a resposta não seria dada, logo surgiria a altura, mais cedo do que antecipava. Quando chegaram, assim que entraram na sala de espera, deu de caras com ele. Não estava em muito bom estado realmente, o bafo a alcoól denunciava desde logo a visão, sem ser preciso dizer nada. Era ele, não acreditava nos seus olhos, há anos que não o via, mas a feição continuava a mesma.
- Paulo?.... O que fazes aqui? - disse quase sem voz. - Como me encontraste?
- Cristina,sabia que virias....
Era o pai da Cláudia. Estava com uns olhos doridos,uma voz fraca, levada pela bebida fazia um tempo. - Continuas linda, sabias? - Incréula ainda, assaltavam-lhe pensamentos que não sabia explicar. - Estás um farrapo... O que te aconteceu? - Perguntou ela.
Pedro assistia a tudo de longe,tentando apanhar peças para o puzzle que se revelava.
- Já viste? Deus castigou-me.... Disse Paulo balbuciando as palavras.
continua...

6 comentários:

  1. Adorei e espero a continuação

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  2. Um fantasma no passado, acontece quando o agitamso, quando nos convecemos que ele comanda a vida. Este pai da Cláudia... os pais das amigas, por vezez, carrascos.

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  3. Souassimedepois, ainda bem que gostaste. origada pela visita!!!
    um bj ao luar

    António, os fantasmas por vezes vêm libertar certos medos do passado que precisam vir a tona..
    um bj ao luar

    Salto-Alto, o "continua" anuncia mais... ;))
    um bj ao luar

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  4. Opah....espetada de wuwas?!?! Wuwas?!?!?!
    Não gosto! lololol
    Mas aqui o texto continua uma delícia ;D

    Jokas :)

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  5. É precisamente naquele momento que queremos falar a serio, que vem algo para estragar tudo! Já me aconteceu umas quantas vezes! lol

    beijinho

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