domingo, 22 de fevereiro de 2009

Deixaram o contacto deles na recepção do Hospital, caso fosse necessário, e foram jantar. Ela foi contando mais coisas, que faziam todo o sentido para ele agora, porque é evitava mais contactos com o Ricardo apesar da constante preocupação dela com ele, o dia específico do mês em que ela se isolava completamente, nunca trabalhando nesse mesmo dia, era o unico que ela fazia questão, o dia da morte da Cláudia, porque nunca falava dos pais.

Sentia uma raiva daquele homem que tinha tido a repugnante atitude de a deixar sózinha quando ela mais precisava, carregando no ventre uma filha de ambos. A admiração e amor por ela intensificaram-se depois daquela descoberta...
Será filho dele? - Perguntou a Cristina enquanto olhava a foto na carteira que ele trazia.
Provavelmente... Humpf, deve ter um grande pai, não haja dúvida! - Respondeu com um travo de sarcasmo na voz. - Se foi capaz de ser tão homem com uma criança que nem quis saber, não deve ser muito melhor agora. Deixa mas é isso que ainda te põe pior. - Continuou ele enquanto estacionava o carro na garagem.
Subiram até ao apartamento dele, onde comeram comida chinesa, comprada no caminho, nem um nem o outro estavam com paciência para cozinhar, apesar dele se ajeitar bem na culinária. Falaram sobre aquele dia, Cristina tinha tanta coisa para lhe contar, como conheçera Paulo, como tinha dado a volta sózinha e grávida, sobre a Cláudia. Ela chorou no colo dele até adormecer, embalada pelos carinhos que ele lhe fazia na cabeça e as lágrimas salgadas que caíam. Ambos estavam de serviço no dia seguinte de manhã, mas sabendo de antemão que ela não estaria em condições para ir trabalhar, deixou-lhe um bilhete onde dizia que arranjaria uma desculpa para a sua ausência e que lhe ligasse quando acordasse.

No dia seguinte, cansada como estava e tendo ele desactivado o despertador do telemóvel dela, dormiu até tarde. Acordou assustada mas assim que leu o seu bilhete sentiu uma paz e conforto, uma sensação de segurança por estar em casa dele. Foi até ao Hospital saber do estado do Paulo, sem saber muito bem o que dizer ou como reagir, mas tinha de ir, sentia isso.
Quando lá chegou ainda estava a descançar, e ela foi-se inteirar do estado clínico dele. Tinha o fígado maltratado, sinal de muita bebida. Foi até ao quarto e sentou-se na cadeira, pouco depois ele acordou. - Como é que te sentes?
- Um pouco tonto... Estou no Hospital? - A voz estava fraca ainda.
-Sim, tentei procurar um contacto na tua carteira mas não encontrei. Como sabias que estava a trabalhar naquela Central? - Perguntou, tentando manter um certo tom sério e distante.
- Sempre soube onde estavas estes anos todos...
- Sim? - A voz ficou fria. - Onde está a tua mulher? Deve estar preocupada a esta hora não?
- Não, não está, sou viúvo há 5 anos.
- Olha, apenas te trouxe porque o meu trabalho é cuidar de pessoas em perigo, se assim não fosse tinha-te deixado caído no chão!.
- Não és assim, nunca foste...
- Tu fizeste-me assim! Estás melhor não estás?, Cuida-te! - Deu meia volta e dirigiu-se à porta.
- Espera.... Posso-te pedir uma coisa?
- Ainda te atreves??? - Estava fula, incrédula. - O que queres afinal?
- Liga para este número, é o da minha mãe. Ela está com o Marco, não sei o que fiz ao meu telemóvel, podes-lhe só dizer que estou aqui? O marco é o meu filho.
- Preocupaste-te em saber da Cláudia? Porque havia eu de me preocupar com o teu filho quando nunca te preocupaste com a nossa???Sabes onde estive estes anos todos? És demais...
- Liga por favor.... Este é o numero, não tem telemóvel, só fixo.
- Perdes o teu tempo e esforço meu caro... A Cristina que conheçeste morreu com a TUA filha! - Saíu e assim que fechou a porta as lágrimas correram face abaixo.
Saíu do hospital a correr e foi ter com o Pedro.

continua...

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